O fim da Arte, tal como a conhecemos?
Leonel Moura
Esta exposição compreende duas séries de obras, a primeira realizada em 2004 e a outra neste ano de 2023.
Na parede encontram-se três das primeiras pinturas feitas com robots autónomos, a que dei o nome de ArtSbot, que significa Art Swarm Robot. Trata-se de um conjunto de pequenas máquinas que trabalhando em coletivo conseguem produzir pinturas únicas sem intervenção humana direta.
Na arena, colocada no centro da sala, são apresentados dois robots da série ARS, de Art Robot Swarm, realizados em colaboração com o INESC-TEC. São na verdade uma versão mais sofisticada do ArtSbot, com a particularidade de, através de uma câmara vídeo, poderem transmitir a evolução da pintura através da Internet.
Estas obras anunciam uma mudança radical na forma como pensamos a arte. Hoje, máquinas inteligentes e criativas conseguem realizar textos e pinturas em tudo similares, e por vezes com mais imaginação, do que os artistas humanos. As obras de 2004 são pioneiras neste processo. Com a vantagem de serem realizadas no espaço físico e não no virtual.
Significa isto que estamos perante o desaparecimento da arte feita por humanos? Sim e não. Não, porque face ao desenvolvimento da Inteligência Artificial, que leva à extinção de muitas profissões, a arte pode vir a tornar-se numa das principais atividades lúdicas de uma humanidade tornada desnecessária para o trabalho. Mas sim, porque a arte, tal como a conhecemos, será cada vez mais um produto da Inteligência Artificial. Ou seja, a arte da imaginação, a que abre novas perspetivas e novos modos de ver e refletir. Enfim, a arte que transforma o real.