25 de outubro a 29 de novembro de 2025
Armando Alves na Árvore
Exposição de pintura e obra gráfica
Inauguração: 25 de outubro, 17h
Galeria da Cooperativa Árvore
Em 1965, Armando Alves realizava na Árvore a sua primeira exposição. Sessenta anos depois, no seu 90.º aniversário, o pintor regressa à Cooperativa que ajudou a fundar. Para celebrar este momento e este tempo longo, a exposição reúne pintura e obra gráfica, dos anos 60 à atualidade.
Eugénio de Andrade disse que Armando Alves se “descobriu alentejano ao mesmo tempo que se descobria pintor, e que o Alentejo [continuou] ali como uma grande, imensa fidelidade”. José Saramago chamou-lhe, mais tarde, “inventor de céus e planícies”, as mesmas por onde irromperiam arco-íris em “golpes vivos”, como observou Herberto Helder. Vasco Graça Moura lembrou, antes, o “arco-íris de ofícios deste professor da ESBAP, decorador, galerista, fotógrafo, autor de posters, panfletário, gráfico, desenhador, sei lá…” E Bernardo Pinto de Almeida ainda acrescentou o autor de objetos na “sedução pela frieza inerte das matérias, a sofisticação da execução e o brilho distante […] da sua presença discreta.”
Laura Castro descreveu o quotidiano de quem tem múltiplos afazeres: “Entre papéis recortados, esquissos desenhados, maquetas projetadas, indicações desencontradas, trabalhos iniciados, outros quase acabados, prazos iminentes, angústias de última hora, consensos atribulados, decisões instantâneas, cálculos de previsão, surpresas irremediáveis.”
Para José-Augusto França “Armando Alves esclareceu a sua visão numa exata disciplina gráfica que completamente a transformou” e Óscar Lopes também observou geometrias e janelas ou alusões de janelas, diante das quais Fernando Pernes intuiu “aproximações ao silêncio e Mário Cláudio Paisagens de latitude imprecisa e horas imprecisas”. Já Manuel António Pina comparou as mãos do pintor às do “demiurgo como o celebrante de um mistério muito antigo”.
Tudo isto está nesta exposição. E o que não está, ela evoca e invoca.
Para o Armando Alves, aos 25 de outubro de 2025, na Árvore
Biografia
Armando Alves nasce em Estremoz, em 1935.
Em 1954 conclui o Curso de Preparação às Belas Artes na Escola de Artes Decorativas António Arroio, em Lisboa.
Entre 1957 e 1962 frequenta a Escola Superior de Belas Artes do Porto, concluindo o curso de Superior de Pintura com a classificação final de 20 valores. É convidado a exercer o cargo de Professor Assistente na mesma Escola, onde permanece até 1973.
Começa a mostrar o seu trabalho em exposições coletivas em 1956 e faz a primeira exposição individual em 1965, precisamente na Cooperativa Árvore.
Em 1968 forma o Grupo Os Quatro Vintes com Ângelo de Sousa, Jorge Pinheiro e José Rodrigues.
Para lá da obra de uma vastíssima obra de pintura, é autor de cenários e de cartazes para espetáculos no Teatro Experimental do Porto e na Seiva Trupe, e de ilustrações, nomeadamente de obras para a infância. Desde os anos 50 realizou um longo percurso no design gráfico, concebendo cartazes, coleções de livros e edições especiais, catálogos de exposições, selos comemorativos, programas de concertos e outras atividades culturais, material de divulgação política. Dirigiu a Editorial Inova, a Editora Limiar, a Editorial Oiro do Dia, e colaborou com as editoras Caminho e ASA.
É um dos fundadores da Cooperativa Árvore (1963) e do Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende (1993), e um dos organizadores da Galeria do Desenho para o Museu Municipal de Estremoz (1983). Foi um dos impulsionadores da galeria Nasoni e dirigiu a galeria da Praça, ambas no Porto.
Autor de trabalhos de tapeçaria, escultura, vitral, cerâmica em edifícios de uso público e no espaço público entre os quais: Palácio da Justiça de Estremoz; Hotel da Nazaré; Casino da Madeira; Edifício da Tabaqueira em Lisboa; Caixa de Crédito Agrícola, na Póvoa do Varzim; Edifício Marconi em Lisboa; Crematório no Cemitério do Prado Repouso, no Porto; Campo golfe Vila Sol, em Vila Moura; Escola Superior de Enfermagem em Beja; Junta de Freguesia de S. Mamede Infesta, Matosinhos; Centro Tecnológico de S. João da Madeira; Monumento à Tapeteira em Arraiolos; Monumento aos Bonecos de Estremoz, Estremoz.
Recebeu os seguintes prémios e distinções: 1.º Prémio de Pintura na Exposição de Artes Plásticas, integrada na Queima das Fitas, Coimbra (1961); 1.º Prémio na Mostra de Artes Gráficas Grafiporto 83, Museu Nacional Soares dos Reis (1983); Prémio de Artes Casino da Póvoa (2009); Medalha de Mérito – Ouro, da Câmara Municipal do Porto (1988); Grau de Grande Oficial da Ordem de Mérito (2006); Medalha de Mérito – Ouro, do Município de Estremoz (2006).
Sobre a sua obra escreveram, entre outros, Bernardo Pinto de Almeida, Eduarda Chiote, Eduardo Paz Barroso, Egito Gonçalves, Eugénio de Andrade, Fernando Pernes, Francisco Bronze, Herberto Helder, Joaquim Matos Chaves, Jorge Lima Barreto, José-Augusto França, José Saramago, Laura Castro, Luísa Dacosta, Manuel António Pina, Maria Alzira Seixo, Maria João Fernandes, Mário Cláudio, Óscar Lopes, Sílvia Chicó e Vasco Graça Moura.
Armando Alves e a Árvore
Armando Alves foi um dos fundadores da Cooperativa Árvore, em 1963, e aqui realizou a sua primeira exposição individual (1965). Outras exposições individuais tiveram, também, lugar na Árvore: em 1985 (Paisagens Destino); 1993; 2014 (Árvores), esta no 50.º aniversário da instituição.
Participou nas exposições coletivas: 1963 – Exposição inaugural da Árvore; 1968 – Os Quatro Vintes; 1983 – 1.ª Exposição Nacional de Desenho da Cooperativa Árvore; 1987 – Coletiva de Desenho da Cooperativa Árvore; 1994 – Coletiva de trabalhos em tamanho postal; 1998 – VIII Cimeira Ibérica; 2001 – Porto 60/70 – Os Artistas da Cidade; e nas Exposições Coletivas dos Sócios da Árvore em 2002, 2008, 2009 e 2010.



